Descrição
O Combate Central Da Reforma
Ao descobrir a verdadeira natureza da justiça de Cristo, obtida a nosso favor por meio de sua encarnação e, mais ainda, por sua obediência humana perfeita de toda a lei de Deus, e depois pela imputação da justiça ativa e passiva perfeita de Cristo ao crente perdido, que Lutero foi liberto somente pela justiça de Jesus Cristo. Esta justiça, de alcance impossível por nossas próprias forças, é fruto somente da graça divina (sola gratia), comunicada àquele que crê (sola fide) pela ação soberana do Espírito Santo.
Este combate se encontra no cerne da luta travada por Lutero com vitória contra o sistema herético romano — o nominalismo da escolástica tardia. Neste ponto a lógica corrosiva de Occam — sua famosa navalha — lhe foi de ajuda inestimável. Tendo encontrado o fundamento da fé nas santas exigências e nas maravilhosas promessas da Escritura, Lutero fez bom uso da famosa navalha para se desfazer das excrescências doutrinárias que a tradição romana, cada vez mais independente da Palavra de Deus, impusera com falsidade à igreja de Jesus Cristo como dogmas intangíveis. Assim, Lutero soube também utilizar a crítica bíblica dos humanistas — em particular a de Lourenço Valla (1407-1457) e de Erasmo de Roterdã (1466-1536) — para se livrar em sequência dos falsos dogmas acumulados ao longo dos séculos pela tradição romana distanciada da submissão verdadeira à Palavra escrita de Deus (sola Scriptura).