Descrição
O Duelo
Retratada por Turguêniev em Rúdin e Pais e filhos, e por Gontchárov em Oblómov, a figura do “homem supérfluo” – o intelectual provindo da classe média que começa a despontar nos anos 1860, mas ainda sem lugar numa cultura fortemente conservadora – é aqui retomada por Tchekhov e, de maneira brilhante, conjugada a outro tema recorrente na literatura do período, o duelo, prática comum na Rússia do século XIX, que provocou a morte de alguns dos maiores escritores da época, como Púchkin e Liérmontov Mas há muitos duelos neste Duelo.
Há o duelo silencioso entre dois amantes que talvez não se amem mais. Há o duelo ideológico entre dois homens que habitam polos opostos da existência. Há o duelo entre o desejo de liberdade e a moral estreita na cidade provinciana. Há o eterno duelo individual entre sonho e realidade, que cinde o protagonista e o leva a pôr em risco a própria vida. E há, por trás de tudo isso, o gênio de Tchekhov, em plena maturidade, travando um duelo íntimo entre a forma curta do conto e a narrativa mais longa, que alcança aqui um dos pontos mais altos em sua obra.