Descrição
O Século
O Século XX foi julgado e condenado: século do terror totalitário, das ideologias utópicas e criminosas, das ilusões vazias, dos genocídios, das falsas vanguardas, da abstração posta em toda parte no lugar do realismo democrático.
Não desejo advogar por um acusado que sabe se defender sozinho. Tampouco quero proclamar como Frantz, o herói da peça de Sartre, Os sequestradores de Altona: ”Tomei o século nos meus ombros e disse: ‘Responderei por isso!”’. Quero apenas examinar o que esse século maldito, do interior do seu próprio devir, disse que era. Quero abrir a documentação do século, tal como se constitui no século, e não do ponto dos sábios juízes fartos que pretendemos ser.
Para isso, utilizo poemas, fragmentos filósofos, pensamentos políticos, peças de teatro… Todo um material, que alguns pretendem obsoletos, em que o século declara em pensamento sua vida, seu drama, suas criações, sua paixão.
E vejo então que, ao contrário de todo julgamento pronunciado, essa paixão, a paixão do século XX, de modo nenhum foi a do imaginário ou das ideologias. Menos ainda paixão messiânica. A terrível paixão do século XX foi, contra o profetismo do século XIX, a paixão pelo real. Tratava-se de ativar o verdadeiro, aqui e agora.
Sobre o autor:
Alain Badiou , filósofo, dramaturgo e romancista, leciona filosofia na Universidade de Paris-VII Vincennes e no Collège International de Philosophie. Publicou, entre outros, os ensaios Le nombre et les nombres (Seuil, 1990), Conditions (Seuil, 1992), Abrégé de métapolitique (Seuil, 1998), o romance Calme Bloc ici-bas (P.O.L, 1997) e a comédia Les Citrouilles (Actes Sud, 1996).
No Brasil, foram editados Manifesto pela filosofia (Aoutra, 1991), Para uma nova teoria do sujeito (Relume-Dumará, 1994), Ética: um ensaio sobre a consciência do mal (Relume-Dumará, 1995), O ser e o evento (Jorge Zahar, 1996) e Deleuze: o clamor do ser (Jorge Zahar, 1997).