Descrição
Se há uma questão que tem atormentado a mente de filósofos e teólogos ao longo dos séculos, esta diz respeito à possibilidade ou não de conciliação entre a presciência divina e a liberdade humana. Será que estes dois importantes pólos podem ser conciliados sem que haja prejuízo a qualquer um deles? Poderia Deus prever ações humanas futuras sem necessariamente determiná-las? Ou ainda, pode ser humano agir livremente diante de um Deus que conhece prévia e plenamente a cada um de seus pensamentos, decisões e ações futuras? Tal dilema sempre esteve presente no pensamento judaico-cristão. Contudo, algumas vozes levantaram-se a favor da confluência entre a presciência divina e a liberdade humana. No contexto judaico, mais especialmente nos Pikê Avot (Capítulos dos Pais) 3:15, nos deparamos com a seguinte célebre frase atribuída ao Rabi Akiva: kahol tsafuy, weharshut netunah, que literalmente quer dizer: ”tudo está previsto, mas a permissão foi dada”. Pode-se traduzir ainda tal expressão como ”tudo está previsto (no alto), entretanto, nos foi dado o livre-arbítrio”. Já no contexto cristão, Agostinho de Hipona, em sua obra de Libero Arbitrio (O Livre-Arbítrio), declarou: “[…] ainda que Deus preveja as nossas vontades futuras, não se segue que não queiramos algo sem vontade livre”. Assim, amparado nesta tradição judaico-cristão de longa data, mas sem apelar para o mistério, William Lane Craig argumenta com a erudição que lhe é peculiar a favor da contabilidade entre a presciência divina e a liberdade humana. Para ele, esses dois conceitos não são mutuamente excludentes , mas se complementam e, portanto, podem e devem conviver em perfeita harmonia.