Descrição
Os Antropólogos E A Religião
A anunciada saída da religião das sociedades modernas se
traduz por uma disseminação do religioso ou, ao contrário, por
despertares que deslocam o centro de gravidade das grandes
religiões. É o momento de revisitar o que os antropólogos, que
tradicionalmente têm projeto comum com as religiões dos
outros (primitivas, tradicionais ou populares), têm a nos dizer
sobre o alicerce das formas elementares do religioso e os
mecanismos simbólicos do ritual.
O religioso ou a religiosidade dos antropólogos (fetichismo,
xamanismo, religião dos ancestrais…) jamais está separado da
herança assumida ou reprimida das categorias de sua religião
“nativa”. Por conseguinte, o fio condutor desta obra é a questão
que EvansPritchard foi um dos primeiros a levantar: a relação
pessoal dos antropólogos com as coisas religiosas na própria
construção de seus objetos. Todos são finalmente confrontados
com a imagem da sorte reservada ao mana por LéviStrauss, à
questão do “resto”: uma religiosidade relegada à periferia do
mecanismo ritual ou do sistema simbólico.
Esta obra baseiase num percurso de leitura pessoal marcando
as filiações de pensamento e a continuidade das escolhas de
objetos entre os autores: é conhecida a dívida de LéviStrauss
em relação a Marcel Mauss, mas muitas vezes é ignorado o
diálogo indireto entre EvansPritchard e LéviStrauss, ou entre
Bastide e LéviStrauss. Aqui também são estudados autores
muito importantes como Cl. Geertz, M. Augé e J. FavretSaada.