Descrição
Os Romenos
As missões históricas dos povos nem sempre têm o mesmo esplendor. Há nações cujo papel na história é tão evidente que nunca ninguém pensou em duvidar dele. Mas há, também, outras nações, menos felizes, que cumpriram missões bastante ingratas sem que o mundo o soubesse. Podemos falar mesmo dum papel histórico, manifesto, como o dos antigos romanos, e dum papel histórico, imanifesto, como o dos seus descendentes na Dácia — os romenos.
Ignorada ou mal compreendida pelos outros, a vida dessas nações é, todavia, profundamente intensa. A sua história não é só trágica, é como que transfigurada, por assim dizer, por uma permanente presença divina. Estes povos não conhecem o repouso, a serenidade, a alegria de criar no tempo. Constantemente atacados, estão sempre a defender-se. A sua história é mais do que uma série de lutas pela independência ou pela honra; é uma guerra contínua, que dura séculos, pela vida, pela própria existência. Em cada uma das suas batalhas, arriscam tudo: o direito de viver, a sua religião, a sua língua, a sua cultura. A cada instante, Deus está com eles, porque podem, a cada momento, desaparecer de maneira total e definitiva.
Os romenos tiveram esse papel imanifesto na história europeia; conheceram o drama de viver cada instante como se fosse o último instante da sua vida. Povo de fronteira, suportaram as piores invasões bárbaras, durante o período da sua formação, e, uma vez organizado em Estado, teve de defrontar-se, século após século, com outra grande ameaça asiática: os turcos. Os historiadores modernos descobrem, em nossos dias, o drama dos romenos e dos outros povos do Sudoeste europeu, que sangraram continuamente, pelo espaço de cinco séculos, para impedir o colosso islâmico de penetrar no coração da Europa.