Descrição
Uma Comunidade de Caráter – Em Direção a Uma Ética Social Cristã Construtiva
“É minha opinião, entretanto, que o entusiasmo cristão pelo envolvimento político oferecido por nossa sociedade secular nos fez esquecer a tarefa política mais profunda da Igreja. No interesse de assegurar formas mais equitativas de justiça possíveis em nossa sociedade, os cristãos falharam em desafiar os pressupostos morais de nossa política e sociedade. Em nenhum lugar o efeito disso é visto de forma mais poderosa do que na aquiescência cristã à suposição liberalista de que uma política justa é possível sem que as pessoas sejam justas . Simplesmente aceitamos a suposição de que a política é sobre a distribuição de desejos, independentemente do conteúdo desses desejos, e qualquer consideração do desenvolvimento de pessoas virtuosas como uma questão política parece uma intrusão indesculpável em nossa liberdade pessoal.
O resultado mais destrutivo é que a igreja tem cada vez mais imitado em sua própria vida social a política do liberalismo. Quase nos esquecemos de que a igreja também é uma instituição que já teve a confiança de estimular em seus membros virtudes suficientes para sustentar seu papel como cidadãos em uma sociedade cujo propósito era contrariar as reivindicações injustificadas feitas por outras sociedades e estados. Na verdade, somente se tal povo existir é que o estado pode ser “secular”. Como a igreja agora raramente engendra tais pessoas e comunidade, ela falhou com nossa sociedade secular particular: os cristãos não tinham o poder que permitiria a si mesmos e aos outros perceber e interpretar o tipo de sociedade em que vivemos. Os cristãos têm acertadamente pensado que têm um investimento adequado para tornar esta e outras sociedades mais justas, mas se esqueceram de que a justiça genuína depende de convicções morais mais profundas do que nossa sociedade secular pode reconhecer politicamente.” [Stanley Hauerwas, Uma Comunidade de Caráter. Maceió: Sal Cultural, 2020]
